Parábola dos trabalhadores da vinha - Os últimos são os primeiros (Parte 2)

14/03/2016 11:34

                   

 

Veja primeiro:

Parábola dos trabalhadores da vinha-Introdução (Parte 1)
https://www.nunes3373eb.com/news/parabola-dos-trabalhadores-da-vinha/

 

Parte 2

Agora que já analisamos a vertente mais superficial da parábola, avancemos então para a sua mensagem mais profunda.
Na verdade esta parábola está ligada diretamente aos últimos quatro versículos do capítulo anterior do evangelho de Mateus e apresenta uma resposta à pergunta dos discípulos a Jesus referente ao que ganhariam em segui-lo:
“ O que, então, haverá para nós?
Mt 19:27
Ora esta é uma pergunta legítima do ser humano, pois na verdade quando decide seguir Jesus sabe que de certa forma terá que abdicar de muitos dos prazeres mundanos momentâneos e efémeros e à partida esperar por algo futuro. Jesus lhes respondeu:
"Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
E todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna.
Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros"
Mateus 19:28-30
 
Ou seja, além de a promessa ser apelativa Ele, tal como na parábola em análise, refere-se também ao fato de que a posição que as pessoas detêm pode ser relativa (Mt 19:30; 20:16). “...muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos, primeiros”.
Mas voltando à parábola:
O proprietário que decide contratar os trabalhadores representa Deus fazendo o seu chamado aos humanos para trabalharem pelo seu Reino neste mundo. A vinha representa o mundo e os trabalhadores todos aqueles que se dispõem a trabalhar para Deus pregando o evangelho e alertando mais almas para a verdade.
 

Os últimos são os primeiros

 
Mas mais do que apenas dizer o que esses trabalhadores receberão, a parábola tenciona nos mostrar qual a forma como Deus encara todos aqueles que abraçam a sua causa. Essa parábola de Jesus é mais uma contracultura apresentada pelo Mestre que desfaz a cultura dos privilégios e destaca a graça e a generosidade do Pai Celestial aos que chegam por último. Para o Senhor não faz diferença o tempo de trabalho, mas sim, a disposição para ouvir o chamado e fazer o trabalho no tempo que tiver disponível.
Deus nunca se vê desocupado e, onde quer que encontre pessoas desejosas de trabalhar com afinco na sua vinha, as contrata. A qualquer hora do dia dessa nossa vida, podemos começar a trabalhar para o Senhor, e ele por sua vez exige de nós o maior número de horas de trabalho que pudermos oferecer, recompensando-nos com um bom salário.
A parábola ensina que, se iniciarmos o trabalho na última hora, receberemos mais do que jamais imaginávamos. Ao iniciar com uma pequena desvantagem, boa parte do dia já se foi; contudo ainda podemos ser igualados com os que começaram ao amanhecer. A parábola por si só não revela como, mas menciona o fato de que muitas vezes os que se arrependem na última hora podem ser igualados aos que muito antes já haviam começado na bondade e no trabalho. O que importa não é o volume de trabalho, mas a sua qualidade.
Todavia, o descontentamento parece a dificuldade principal da parábola. O aborrecimento dos que trabalharam por longo tempo, porém receberam a mesma quantia que os que começaram por último parece incompatível com o serviço feito de bom grado e inconcebível diante do bom salário que recebiam.
Deus, por ser justo, sabe de que é digno cada trabalhador; portanto, o aborrecimento em relação ao salário pelo serviço prestado é injustificável. Todos os que se dispõem a trabalhar para ele devem ter a convicção de que esse trabalho jamais será em vão.
Na condição de proprietário (Mt 20:1), Ele promete: “...dar-vos-ei o que for justo”.
Na condição de Senhor da vinha (Mt 20:15), Ele reclama para si o direito soberano de fazer o que deseja na administração de seus negócios. Não nos cabe questionar os trabalhadores que escolhe, nem a recompensa de cada um.
Na condição de chefe da casa (Mt 20:11), Ele reserva para si o privilégio, o direito de exercer a sua bondade e graça, como quer que a sua generosidade seja encarada.
A vinha divina requer trabalhadores, não descansadores; portanto, que sejamos salvos da ociosidade, um dos pecados de Sodoma e precursor da ruína, tanto nesse mundo quanto na eternidade. Como trabalhadores, vamos sempre nos lembrar que a motivação gera ação, e a nossa obra torna-se aceitável, não pela duração, mas pelo seu espírito.
 

Conclusão

 
A parábola deixa claro que a preocupação de Jesus era mostrar que a recompensa, a paga pelo trabalho, não era medida pela duração (ou tempo) do trabalho, mas sim, pela intensidade, fidelidade e qualidade do trabalho feito. Deus está livre de imposições morais, porque o contrato de trabalho indicava um pagamento específico pelo trabalho feito. O vinhateiro não foi injusto com nenhum daqueles trabalhadores, mas lhes pagou pelo contrato feito com cada um deles. O que importava para o vinhateiro era que a sua vinha não viesse a sofrer solução de continuidade, mas que, ao final do dia, o trabalho estivesse pronto. Deus tem plantado uma vinha neste mundo e conta connosco para cultivar, cuidar, fazer produzir e usufruir do fruto dessa vinha.
Descobrimos que os trabalhadores da última hora são tratados com igualdade aos que começaram de manhã cedo. A bênção da salvação é de igual proporção, tanto para os que se converteram há vinte, trinta ou cinquenta anos, quanto aos que se converteram hoje. Ninguém trabalha por prémios ou galardões extras, porque cada trabalhador receberá aquilo que lhe for justo receber.
No reino de Deus na terra, não há discriminação, nem discrepância social ou favoritismo. O galardão desses últimos é o mesmo dos que trabalharam nas primeiras horas. O valor do serviço aos olhos de Deus depende do espírito com que é feito o trabalho.
Sendo assim se você ainda não se decidiu a trabalhar na “vinha” não desmoralize pois para Deus a hora é agora, e se por acaso for o último pode esperar que receberá o galardão de primeiro, é assim no Reino de Deus!
 
"Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam";
1 Coríntios 2:9
 

Fontes:

Na elaboração deste artigo foram utilizados trechos dos livros:
- Todas as parábolas da Bíblia, de Helbert Lockyer
- Parábolas de Jesus, de Elienai Cabral