O mistério cronológico da última semana da vida de Jesus

09/06/2014 19:40

                        

Na nossa senda de descoberta dos mistérios da Bíblia, apresento a todos os estudantes sérios das escrituras uma proposta de resolução de um dos mais enigmáticos mistérios Bíblicos: 

A CRONOLOGIA DA ÚLTIMA SEMANA DE JESUS!

Durante muitos anos existiu grande controvérsia sobre a cronologia dos acontecimentos da última semana de Jesus, nomeadamente da última ceia, paixão e crucificação de Jesus.
Essa controvérsia existia devido a uma suposta contradição cronológica entre os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) e o evangelho de João. Mas na verdade e conforme já muitas vezes o disse; a Bíblia não tem contradições, o conhecimento humano é que nem sempre está preparado para entender os seus incríveis e misteriosos segredos, que se vão desvendando ao longo dos tempos de acordo com a evolução do conhecimento humano.
E se há umas décadas atrás já foi feita alguma luz sobre o enigma da última semana de Jesus, quando da descoberta dos pergaminhos do mar morto guardados pela comunidade essénia em cavernas nas encostas do mar morto (1), tanto que até a igreja católica pelo papa Bento XVI assumiu (embora sem a divulgação que merecia) que provavelmente Jesus teria tido alguma ligação com este grupo:

Bento XVI explica o sentido da Última Ceia de Jesus

"Jesus derramou o seu sangue, de fato, na véspera da Páscoa e na hora da imolação dos cordeiros. Ele celebrou, contudo, a Páscoa com os seus discípulos, provavelmente segundo o calendário de Qumrân, por isso, pelo menos, um dia antes", indicou.

https://noticias.cancaonova.com/bento-xvi-explica-o-sentido-da-ultima-ceia-de-jesus/

Agora o enigma foi totalmente desvendado por Colin J. Humphreys no seu último livro:
O mistério da última ceia

Todos sabem que raramente divulgo livros ou obras comerciais, mas quando o trabalho é relevante, é necessário que se divulgue.
E este é um livro fantástico que examinando toda a documentação disponível sobre a cultura judaica da época de Jesus, explica como tudo nos evangelhos sinópticos e de João está em perfeita harmonia, não existindo nenhuma contradição e sim complementação.
Mas voltando ao livro de Colin J. Humphreys, a tese é esta: a Última Ceia de Jesus, foi na quarta-feira. Só isso possibilita colocar nos dias seguintes os restantes factos da Paixão narrados pelos evangelhos.
A revista "Sábado" fez também um artigo sobre a tese do livro e o mesmo pode ser lido aqui:

Como foi a última semana da vida de Jesus

 

Resumindo a tese:
A aparente contradição entre os evangelhos sinóticos (que dizem que a última ceia de Jesus é uma ceia pascal) e o de João (que diz que quando, já depois da Ceia de Jesus, Caifás leva Jesus a Pilatos não entra na sede do governador romano - espaço impuro - para não se contaminar e poder celebrar a Páscoa - a ceia de Caifás e dos seus) é explicada pelo seguimento de calendários diferentes. Os judeus de Jerusalém seguiam o calendário do exílio da Babilónia, enquanto os galileus, como Jesus, os samaritanos e os essénios, seguiam o calendário pré-exílio. Os primeiros, seguindo o calendário oficial judaico, comiam o cordeiro pascal a 15 de Nisã. Os outros comiam-no a 14. Tal explica que a ceia de Jesus, sendo pascal, é anterior à do judaísmo oficial. Aconteceu na quarta e deixou espaço para os restantes acontecimentos.

Esta tese apresentada como novidade no livro de Colin J. Humphreys, "O mistério da última ceia", que está na base do artigo da "Sábado", já tinha sido abordada por outros investigadores. Julgo que o primeiro a apresentá-la foi A. Jaubert, um especialista nos manuscritos do Mar Morto, nos essénios e no Quarto Evangelho. Mas no livro a explicação vai mais a fundo do que foi proposto no passado e apresenta-se como a mais completa solução para o enigma. É também significativo que o artigo diga que o homem do cântaro de água (referido em Mc 4,13 e paralelos), que empresta a sala para Jesus e os seus discípulos celebrarem a Páscoa, é um essénio, pois nesta comunidade de celibatários as tarefas habitualmente femininas tinham de ser assumidas pelos homens. Os essénios seguiam o mesmo calendário que os galileus lá do norte, uns quase hereges, tão longe do judaísmo oficial.

 Ruinas de complexo essénio na proximidade do mar morto em Qumran

Os fatos relatados poderão também lançar mais luz no que consistiu a traição de Judas Iscariotes. É que se Jesus festejou uma ceia pascal fora do calendário oficial dos líderes judeus da altura, só esse fato pode ter sido considerado motivo suficiente (neste caso, a gota de água) para a acusação que lhe foi feita, que foi de que sendo homem, se igualou a Deus:

“Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo-sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.

Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.

Então o sumo-sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfémia.

Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte!

Mateus 26:63-66

 

O mais interessante de tudo é que esses mesmos líderes sabiam pelas escrituras que o messias seria além de homem, Deus! Mas ainda assim não o aceitaram, pois se o fizessem, o seu poder corrupto teria que acabar, mas isso é outra história…

 

Deixo-vos ainda imagens da revista sábado que sintetizou o livro de Colin Humphreys, dessa forma (para quem não puder adquirir o livro) já é possivel entender a solidez da tese:

Referências:

(1) Os Manuscritos do Mar Morto e as origens humanas (act.)

https://www.nunes3373.com/news/os-manuscritos-do-mar-morto-as-origens-humanas/
 

Fontes:

 

A última semana de Jesus