"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"O Por quê de Jesus ter proferido tais palavras na cruz

11/12/2018 12:27

                                                     

 

            

Introdução

O grito de Jesus em Mateus 27:46 desafia todo o estudante da Bíblia. Inúmeras pessoas se questionam do porquê de tais palavras e muitas vezes tiram conclusões erradas. O desafio de entender tais versículos frequentemente nos ajuda a apreciar mais plenamente a grandeza do amor e da graça de Deus, este versículo não é exceção. 

Iremos aqui expor o que pensamos sobre o porquê de tais palavras e o que realmente aconteceu.

 

Eli, Eli, lamá sabactâni


 

Em primeiro lugar é importante que se note que Jesus proferiu estas palavras em hebraico, e a escritura faz questão que o saibamos pois nessa língua elas são citadas na escritura conjuntamente com a tradução:

 

E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

Mateus 27:46

 

Ora quando esta técnica é utilizada na escritura já por si só aponta para algo que tem um mistério a descobrir, e como veremos é o que aqui realmente sucede.

 

Notamos também que as pessoas que assistiam à crucificação não entenderam o que Jesus disse:

 

E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias,

Mateus 27:47
 
Ora tal com certeza aconteceu porque Jesus terá proferido estas palavras no hebraico original, não em aramaico ou grego, linguas que a maioria falava na altura, e isto sucedeu porque Jesus estava orando a Deus citando um salmo que foi escrito e deveria ser recitado no hebraico original, conforme o costume dos judeus.
 

O Salmo 22

 
Sendo assim como resolução para o nosso enigma temos esta primeira pista, vamos então analisar o Salmo que Jesus recitou:

 

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?
(…)

Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo.
Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo:
Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer.
Mas tu és o que me tiraste do ventre; fizeste-me confiar, estando aos seios de minha mãe.
Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.
Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.
Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam.
Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.
Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.
A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte.
Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés.
Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam.
Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa.
Mas tu, Senhor, não te alongues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me.


Salmos 22:6-19 

 

 

As palavras de Jesus são tiradas diretamente do Salmo 22:1, escrito cerca de 1000 anos antes da morte de Cristo. A maior parte deste salmo é uma profecia do sofrimento que Jesus suportou na cruz, e é citada repetidamente no evangelho durante as narrações da crucificação. Durante o relato da cruficação vemos várias profecias citadas no Salmo 22 totalmente cumpridas.
O versículo inicial nos lembra que o maior sofrimento que Cristo suportou não foi a dor física da cruel cruz, mas a agonia emocional de morrer espiritualmente só. O Salmo 22 mostra ao estudante das escrituras um pouco do que Jesus passou para nos resgatar, é um retrato da agonia do Senhor.

Assim Jesus profere essas palavras, não apenas validando e cumprindo uma profecia escrita 1000 anos antes, como demonstra mais pormenorizadamente quais os seus sentimentos naquele fatídico momento que mudaria toda a história da humanidade.

 

Mas Deus realmente desamparou Jesus naquele momento? Foi um abandono cruel ou necessário? 

 

Muitos usam estas palavras de Jesus para tentar atacar o caráter de Deus, esses dizem que Deus Pai abandonou o seu filho num momento crítico, como se tal atitude fosse algo de inesperado para Jesus. Mas como veremos essa opinião além de não fazer sentido, não procede.E não procede pois quem conhece o evangelho sabe que Jesus sempre teve consciência de sua missão e da forma como morreria, logo também saberia de como tudo ocorreria na cruz. Ele também afirma no final já após essas palavras e imediatamente antes do seu último suspiro:

 

E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.

Lucas 23:46

 

Ou seja, Jesus não estava ressentido com o Pai e a Ele se entregou após a morte física. Jesus sabia que sua missão estava consumada, ou seja, tudo o que Ele passou na cruz era uma das exigências de sua missão.

 

Mas então o porquê de tais palavras?

 

Em primeiro lugar importa saber que Jesus veio para instruir mas acima de tudo resgatar a humanidade do reino das trevas. Para isso era preciso pagar pelo pecado da humanidade caída. Mas só um representante da raça humana que estivesse sem pecado tinha legitimidade para o fazer. Jesus era o único capaz!

E foi naquele exato momento da cruz em que gritou essas palavras que sobre Jesus recaiu todo o pecado da humanidade, fosse ele do passado, presente ou futuro. Era sobre Jesus e apenas sobre Ele, como homem, que todo esse pecado deveria recair e por consequência lhe traria a morte, que é o preço do pecado.

Jesus não tinha pecados, mas todos os pecados do mundo cairam sobre ele. Como poderia ser isso? 
Nessa hora as trevas (pecados) se apoderam do nosso Senhor. Ele precisava morrer com todos os pecados da humanidade. Nossos pecados foram amarrados em Jesus e nessa hora ele sentiu a angústia de ser um pecador (mesmo não sendo) e ficar fora da vontade do Pai (coisa que ele jamais havia experimentado). 

 

O abandono, o pecado e a morte

 

Para compreender melhor este conceito, ajuda partir de Génesis 2:17, onde Deus anunciou que o pecado resulta em morte. Ele advertiu que a desobediência à sua lei traria a morte, a morte imediata! Quando continuamos a estudar Génesis, percebemos que o Senhor não estava contemplando a morte física. Adão e Eva pecaram, mas a vida física do primeiro homem continuou por mais de nove séculos. Fisicamente, ele não morreu naquele dia. Mas ele e sua esposa foram separados de Deus e expulsos do jardim naquele mesmo dia.

Mais tarde aprendemos que a morte é uma separação. A morte física é a separação do espírito do corpo (Eclesiastes 12:7; Tiago 2:26). A morte espiritual é a separação do homem de Deus, que acontece por causa do pecado (Isaías 59:1-2; Efésios 2:1,12). O salário do pecado do primeiro casal foi sua separação de Deus. Sofremos a mesma consequência hoje:
"O salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23).

Jesus veio para pagar o preço por nossos pecados. Ele morreu em nosso lugar. Sua exclamação em Mateus 27:46 parece mostrar que a verdadeira tortura de seu sacrifício vai além da dor física. Por causa de nosso pecado,
para poder efetivamente pagar por ele e tragar o cálice da morte ele necessitava sofrer a separação espiritual de seu Pai. 
Era então fundamental que naquele instante, para que Jesus pudesse morrer e pagar por tudo, que Deus Pai o “abandonasse”, isto é , que o espírito de Deus Pai que habitou em Jesus durante a sua vida física se separasse temporariamente do Filho Amado.
Sobre esse momento, o apóstolo Paulo escreveu que Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2Co 5:21). Essa é a mesma verdade descrita no Salmo 22, o Messias havia se tornado opróbrio dos homens e desprezado do povo, Deus fez cair sobre Ele toda a nossa iniquidade, e como um verme, Ele foi moído em nosso lugar (Sl 22:6). Na cruz, Jesus se fez pecado, e recebeu o castigo que a justiça de Deus exige pelo pecado, experimentando então em sua alma e em seu coração o próprio inferno. Ali Ele estava sendo separado do Pai por conta dos pecados que estavam sobre si.
 

Mas será que Jesus não saberia que tal teria que ocorrer?

 

É claro que sabia, mas Ele também queria que nós soubéssemos e devido a tal proferiu essas palavras, nos mostrando com elas não só isso mas ainda mais, como podemos ler no Salmo 22.

Aliás, só o facto de Jesus invocar esse Salmo nos mostra como o que estava a ocorrer estava de acordo com o plano de Deus, Ele nos mostra dessa forma que o que estava a acontecer naquele momento não era uma derrota mas sim o plano perfeito de Deus se cumprindo, A VITÓRIA ERA DE CRISTO! 

 

E analisando tais palavras só nos resta louvar e agradecer ao Senhor por tal sacrifício. OBRIGADO SENHOR JESUS!

 

Uma palavra final para Deus Pai

 

Gostaria ainda de dizer que como pai posso apenas imaginar o que o momento do “abandono” na cruz terá significado para Deus. Uma dor como a que Jesus sofreu é brutal e intensa, mas a dor espiritual de ter que entregar o seu filho a tudo isso por Amor a uma humanidade caída eu só posso imaginar. Eu, que sou apenas um pecador imperfeito, tenho dor em imaginar o que seria entregar o filho por quem eu daria a vida, assim também por isso louvo ao Senhor e lhe agradeço por tão Grande dádiva.

MUITO OBRIGADO SENHOR!

 

 

"Uma guerra é ganha mediante o tamanho do sacrifício"

Autor desconhecido

 

Fontes:

 

Na cruz Jesus gritou:"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Por quê?

https://www.estudosdabiblia.net/bd57.htm

 

O Que Significa Eloí, Eloí, Lamá Sabactâni

estiloadoracao.com/o-que-significa-eloi-eloi-lama-sabactani/