A cura do hidrópico e o convidado ambicioso - A ilusão do orgulho

17/05/2016 10:56

Certo sábado, entrando Jesus para comer na casa de um fariseu importante, observavam-no atentamente.

À frente dele estava um homem doente hidrópico (com o corpo inchado).

Jesus perguntou aos fariseus e peritos na lei: "É permitido ou não curar no sábado? "

Mas eles ficaram em silêncio. Assim, tomando o homem pela mão, Jesus o curou e o mandou embora.

Então ele lhes perguntou: "Se um de vocês tiver um filho ou um boi, e este cair num poço no dia de sábado, não irá tirá-lo imediatamente? "

E eles nada puderam responder.

Quando notou como os convidados escolhiam os lugares de honra à mesa, Jesus lhes contou esta parábola:

"Quando alguém o convidar para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra, pois pode ser que tenha sido convidado alguém de maior honra do que você.

Se for assim, aquele que convidou os dois virá e lhe dirá: ‘Dê o lugar a este’. Então, humilhado, você precisará ocupar o lugar menos importante.

Mas quando você for convidado, ocupe o lugar menos importante, de forma que, quando vier aquele que o convidou, diga-lhe: ‘Amigo, passe para um lugar mais importante’. Então você será honrado na presença de todos os convidados.

Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado".

Lucas 14:1-11 

 

No evangelho de Lucas, capitulo 14 vemos Jesus a ser estranhamente convidado para uma refeição em casa de um dos chefes dos seus maiores opositores religiosos, os fariseus. Esta é uma passagem que aparentemente é de fácil compreensão por parte do leitor, mas como veremos ela encerra em si mesmo um ensinamento espiritual que todo o indivíduo deve reter em seu coração.

O convite e o significado sinistro dos atos dos fariseus

Jesus não foi convidado para comer em casa de um fariseu porque a sua presença era sinceramente desejada pelos líderes religiosos. A hospitalidade lhe fora oferecida para que pudesse ser observado por olhos críticos e cínicos:

“ observavam-no atentamente”.

Um dos pretextos por trás do convite era ver o que Jesus faria em beneficio de um homem hidrópico (inchado) no sábado. Relembramos que os fariseus hipocritamente proibiam qualquer tipo de atividade que não fosse de lazer no dia de sábado, pelo que a presença do hidrópico na casa do fariseu era muito provavelmente uma armadilha para acusar Jesus de fazer curas ao sábado. Em seguida provavelmente os fariseus e seus companheiros desejavam ouvir em particular o que ele acrescentaria à conversa da mesa naquela tarde. Para todos os efeitos e propósitos, o nosso Senhor estava em observação, pois nem o anfitrião nem os seus convidados o consideravam um deles.  

A cura do hidrópico 

Mas antes de entrarmos na questão do convidado ambicioso que de imediato se seguiu, vamos primeiro ver o que Jesus fez com o hidrópico.

Jesus vendo o homem doente teve compaixão e perguntou aos seus opositores se era permitido ou não fazer curas ao sábado. Eles, legalistas e limitados como eram, não responderam, pois na verdade a lei de Moisés apenas pedia que os homens descansassem das suas atividades laborais e pecuniárias no dia de sábado, mas não impedia de se fazer o bem ou outras atividades que fossem logicamente imprescindíveis:

Jesus veio ensinar o que é ter bom senso, coisa que para o homem é difícil, ainda hoje muitas são as igrejas que por culpa de uma ortodoxia cega afastam mais almas de cristo do que as que ganham para ele.

Mas voltando ao hidrópico, ao vê-lo Jesus o cura, silenciando os fariseus com uma resposta irrepreensível e que a todos eles emudeceu:

Mas na verdade na vida de Jesus nada aconteceu por acaso e a presença do hidrópico é apenas uma introdução para o que se passará a seguir. O hidrópico nesta passagem tem aqui um significado profundo e mais adiante entenderemos qual.

O convidado ambicioso

Logo na sequência Jesus reparou como os convidados se esforçavam ansiosamente para conseguir um local em que fossem considerados os mais importantes e destacados e havia uma rivalidade pelos principais lugares. Vendo isso Jesus dá um ensinamento precioso para todos os homens de todas as eras. O ensino na verdade fala por si e nem necessita de grandes explicações, mas se quisermos ser mais profundos na análise temos aqui um ensinamento claro de como se estrutura o Reino de Deus em oposição aos padrões deste mundo:

Lendo a passagem vemos que Jesus aconselha que cultivemos a humildade e o desprendimento, virtudes que, reiteradas vezes, apresentou como características essenciais do verdadeiro cristão. Adquiri-las, entretanto, não é nada fácil, pois requer o sacrifício de nosso ego e este é um animal difícil de domar, mas que se domado permite obter uma grande paz de espirito. Nosso Senhor deixou por diversas vezes claro que a humildade é o verdadeiro segredo para ser exaltado, pelo que tal atitude deve ser procurada por todos os discípulos de cristo.

A hidropisia espiritual

A figura do hidrópico no inicio da história tem então um profundo significado espiritual. Os que buscam glórias valorizadas por este mundo encontram-se numa hidropisia espiritual e assim  como o doente de hidropisia é devorado por tamanha sede, que, quanto mais bebe, tanto mais fica assedentado; assim o soberbo nunca tem paz, porque nunca chega a ver-se tratado conforme o vão conceito que forma de si próprio.  Até entre as mesmas honras não está contente, porque sempre tem os olhos fitos nos que são mais honrados.

Muitos são os homens que dominados por um desejo imoderado de honras e grandezas, orgulho e vaidades incham espiritualmente, tal como acontece com um doente hidrópico em seu corpo. Estes procuram sempre os “melhores lugares” mas no reino dos céus serão envergonhados, pois os falsos princípios em que este mundo assenta não têm reciprocidade no Reino de Deus.

Conclusão

Tal como Jesus era a pessoa mais honrada naquela refeição de sábado à tarde e que sem duvida, tomara o lugar mais humilde da sala, para ilustrar assim, na prática a lição de sua parábola:

 “Pois qualquer que a si mesmo se exaltar, será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será  exaltado” 

Também nós não devemos ser iludidos pelas falsas honrarias deste mundo, pois são perigosas e efêmeras. Devemos tentar ser humildes e agir como servos da humanidade. Espiritualmente falando, não há, pois, para os discípulos de Cristo, outro privilégio senão o de servir, e servir por amor, com dedicação e altruísmo, pois o que se faça por interesse pessoal ou por vanglória não produz nenhum resultado superior. 

Tal atitude não é fácil de ser tomada, mas devemos ao menos tentar e jamais nos deixarmos dominar pelo orgulho e pela vaidade, que são sentimentos opostos aos do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O nosso lugar de exaltação é estarmos humildes aos pés do nosso Redentor.  

Parábola dos Primeiros Lugares

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